A Operação da Polícia Federal (PF) contra suposta fraude no cartão de vacinação contra Covid-19 do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) gerou um intenso debate na sessão da Câmara de Maceió, na manhã desta quinta-feira (4). Vereadores classificaram a ação autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) como absurda, constrangedora, vergonhosa e espetaculosa.
Até os que integram a bancada do PV, partido que nacionalmente integra a federação com o PT e dá sustentação política ao governo Lula, posicionou-se contrária e criticou com veemência o trabalho da PF em montar uma grande estrutura para a residência de Bolsonaro com a intenção de apreender o certificado de imunização dele.
Eduardo Canuto (PV) pediu a palavra, em plenário, para dizer que, como cidadão, estava indignado com o objetivo da operação deflagrada nessa quarta-feira (3), determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF. Ele diz que não consegue conceber o fato de um aparato gigante da Polícia Federal ter sido mobilizado para ‘invadir’ a casa de um ex-presidente ‘apenas por causa de um cartão de vacinação’.
“Estão criando narrativas, mas, ao meu ver, deram um tiro no pé dessa vez. A sociedade está se sentindo atingida com esta ação da Polícia Federal, que foi obrigada a montar uma operação daquela magnitude apenas para apreender um cartão de vacina. Bolsonaro é o único ex-presidente que está sendo caçado por um tema alheio à corrupção”, destacou o vereador.
Em aparte, o colega Siderlane Mendonça (PL) disse que, na condição de militar, estaria envergonhado com a mobilização da PF para cumprir uma ordem judicial como aquela e ‘tirar uma foto do cartão de vacinação do ex-presidente’. Para ele, o Brasil tem uma lista enorme de problemas, que deveriam ser tratados como prioritários pelo Poder Judiciário.
“Estou solidário ao presidente Bolsonaro, que teve sua família exposta a este constrangimento. Para mim, o que aconteceu é uma vergonha e incoerência ao ter que montar uma operação contra um fato simples, sem importância. Estamos vivendo tempos sombrios no País pela falta de entendimento político”, afirmou Siderlane, ao criticar, também, o teor do PL das Fake News, em tramitação na Câmara Federal.
Gaby Ronalsa (PV) fez questão de marcar posicionamento da mesma forma. Ela se diz triste com as recentes decisões judiciais e acredita que a Constituição Federal tem sido ‘rasgada’ por quem deveria defendê-la.
“Como advogada, estou extremamente envergonhada. Paro para pensar que estou desaprendendo o conhecimento que adquiri na faculdade. O que acontece no País é uma tremenda arbitrariedade. O que mais me deixa estarrecida é ver pessoas esclarecidas defendendo estas medidas, mas o que percebo é que estão caminhando para transformar o capitão, que já é um mito, em uma lenda. Será que o cartão de vacinação é mais importante do que o que aconteceu no dia 8 de janeiro?”, questionou a vereadora.
Na mesma linha, Joãozinho (PSD) afirmou que, apesar de não gostar de comentar temas nacionais em plenário, não poderia deixar de expor a opinião no debate. Ele disse que, como pai de família e cidadão, não entendia o fato de um assunto tão irrelevante ter ganhado uma magnitude exagerada no noticiário nacional.
“Não existe isso de um um ex-presidente ter seu imóvel ocupado com um grande aparato policial para apreender um cartão de vacina. Concordo com o colega vereador Siderlane que estamos vivendo tempos sombrios no Brasil”, pontuou.
Já o vereador Leonardo Dias (PL) utilizou o tempo de discurso, no expediente inicial da sessão, para repercutir a operação da PF contra Bolsonaro. Ele informou que não estava surpreso por acreditar que o ex-presidente vive uma perseguição política ferrenha. Dias avalia que a ação policial foi equivocada levando em consideração quem a determinou.
“Bolsonaro não tem mais foro privilegiado. Logo, uma ação como esta poderia ter partido de um juiz de primeiro grau, o que não aconteceu. O Brasil vai entrar numa era das trevas com o PT. A prioridade agora é correr atrás de cartão de vacinação, obrigando a Polícia Federal a cumprir ordens de decisões controversas do STF”, avaliou o vereador, lembrando a gravidade de inúmeros casos de corrupção atribuídos a integrantes de governos passados do PT.
Para defender o governo, o vereador Dr. Valmir Gomes (PT) disse que a operação em referência só aconteceu contra ‘um ex-presidente que não tinha o menor respeito pelas pessoas. Uma figura que a sociedade expurgou e jogou na lata do lixo”.
“Nosso governo trabalha pela paz e pelo respeito ao cidadão. O governo do PT jamais utilizará das forças para perseguir qualquer adversário político. Agora, isso aconteceu pela fala desse presidente que causou a morte de 700 mil pessoas no Brasil, que mentiu por diversas vezes negando a importância da vida dos cidadãos brasileiros”, concluiu.